Milhares
de habitantes da capital sul-sudanesa, Juba, fugiram dos combates entre
soldados do governo e ex-rebeldes, dois dias depois dos confrontos que deixaram
mais de 150 mortos.
Ambos
os lados se acusam mutuamente do início desses confrontos, que ameaçam um
frágil acordo de paz assinado no ano passado no país mais jovem do mundo.
Ontem, sábado, comemorou-se o aniversário de cinco anos de sua independência.
Desde
dezembro de 2013, o Sudão do Sul sofre um conflito interno, que causou a morte
de milhares de pessoas e obrigou três milhões a abandonarem suas casas.
Neste
domingo, a ONU informou que foram registrados disparos de morteiro, de granadas
e de outras armas pesadas. Um helicóptero de combate sobrevoou a capital.
Alguns
moradores da cidade permaneceram em suas casas para evitar os ataques, enquanto
outros fugiram, relataram testemunhas.
“A
situação se deteriorou consideravelmente em Juba”, alertou a embaixada dos
Estados Unidos em sua página no Facebook, recomendando que os americanos
permaneçam em suas casas.
A
embaixada informou também de “violentos combates em curso entre forças
governamentais e da oposição, nos arredores especialmente do aeroporto, dos
locais da Minuss [a missão da ONU no país], nos [bairros de] Jebel e em
diferentes zonas de Juba”.
Até o
momento, não há nenhum balanço disponível.
Os
combates acontecem dois dias depois dos confrontos entre os soldados leais ao
presidente Salva Kiir e os seguranças do vice-presidente e ex-líder rebelde,
Riek Machar.
Em
dois dias, morreram mais de 150 pessoas, a maioria deles soldados de ambos os
lados, segundo os ex-rebeldes.
Uma
disputa política entre Kiir e Machar gerou o conflito interno no país em
dezembro de 2013. Machar regressou a Juba em abril passado, após a assinatura
de um acordo de paz em agosto de 2015, e voltou a ocupar o cargo de
vice-presidente, em um governo de união nacional liderado por Kiir.
Na
manhã deste domingo, os combates se estenderam para o leste de Juba, onde as
tropas de ambos os lados dispõem de bases ao pé das montanhas de Jebel Kujur e
perto de um campo de refugiados da ONU.
Posteriormente,
os confrontos atingiram outras partes da capital, incluindo a área de Gudele,
conhecida por ser um barril de pólvora, e o bairro de Tongping, próximo ao
aeroporto internacional de Juba.
A
companhia aérea Kenya Airways anunciou a suspensão de todos os voos para Juba
por considerar a situação de segurança “incerta”.
Combates
‘inaceitáveis’
Na
tarde de domingo, o ministro sul-sudanês da Informação, Michael Makuei, acusou
os ex-rebeldes de serem os responsáveis pelos confrontos, e disse que ambos os
lados deveriam impôr às suas tropas “um cessar-fogo unilateral”.
Um
pouco antes, um porta-voz de Machar responsabilizou as forças governamentais
pelos confrontos.
“Nossas
forças foram atacadas na base de Jebel”, denunciou James Gatdet Dak, afirmando
que a ação foi contida e que foram usados helicópteros de combate e tanques
para bombardear sua base.
Os
países da região, entre eles Quênia e Sudão, pediram o fim dos combates e
estudam a realização de uma cúpula de emergência na segunda-feira (11) em
Nairóbi.
Em
Nova York, o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, exortou os
líderes sul-sudaneses a porem fim a esses combates “inaceitáveis”. O Conselho
de Segurança da ONU tem previsto abordar a situação a portas fechadas no
domingo à noite.
Em
Juba, os habitantes se refugiaram em um campo da ONU, que já abriga 28.000
deslocados e está situado perto de onde começaram os confrontos.
Segundo
trabalhadores humanitários, os disparos chegaram ao interior do campo, ferindo
vários civis.
Os
civis também se dirigiram para outra base da ONU, próxima ao aeroporto.
Fora
da capital, em várias regiões do país, confrontos vêm sendo registrados há
meses, apesar do acordo de paz. O conflito político inicial entre Kiir e Machar
se tornou mais complexo com combates entre etnias e lutas em nível local.
Fonte: istoe.com.br
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