O conflito de Darfur é um conflito armado em andamento na
região de Darfur,
no oeste do Sudão, que opõe
principalmente os janjawid - milicianos recrutados entre os baggara, tribos nômades africanas de língua árabe e religião muçulmana - e os povos
não-árabes da área. O governo sudanês, embora negue publicamente que apoia os
janjawid, tem fornecido armas e assistência e tem participado de ataques
conjuntos com o grupo miliciano. O conflito iniciou-se, oficialmente, em
fevereiro de 2003, com o ataque de grupos rebeldes do Darfur a postos do
governo sudanês na região, mas suas origens remontam a décadas de abandono e
descaso do governo de Cartum, eminentemente
muçulmano, para com as populações que vivem neste território.
As mortes causadas
pelo conflito são estimadas entre 50 000 (Organização
Mundial da Saúde,
setembro de 2004) e 450 000 (Dr. Eric Reeves, 28 de abril de 2006). A maioria das ONGs trabalha com a
estimativa de 400 000 mortes. O número de pessoas obrigadas a deixar seus lares
é estimado em 2.000.000. A mídia vem descrevendo o conflito como um caso de
"limpeza étnica" e de "genocídio". O governo dos EUA também o considera genocídio, embora as Nações Unidas ainda não tenham
feito, pois a China, grande parceira comercial do governo sudanês, defende o
país em todos os fóruns internacionais que abordam o tema. Algumas propostas de
intervenção militares internacionais realizadas na ONU não foram aprovadas por
veto deste país.
Quando os combates se
intensificaram em julho e agosto de 2006, no entanto, o Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou a Resolução
1706, de 31 de agosto de 2006, que prevê o
envio de uma nova força de manutenção da paz da ONU, composta de 20 000 homens, para trabalhar em conjunto
com as tropas da União Africana presentes no local,
que contam com cerca de 7000 soldados. O Sudão opôs-se à Resolução e, no dia
seguinte, lançou uma grande ofensiva militar na região.
Diferentemente da
Segunda Guerra Civil Sudanesa, que opôs o norte muçulmano ao sul cristão e animista, em Darfur não se
trata de um conflito entre muçulmanos e não muçulmanos, pois a maioria da
população é muçulmana, inclusive os Janjawid. Trata-se de um conflito
étnico-cultural, que se iniciou por motivos políticos, e ganhou contornos
raciais ao longo dos últimos anos. Promovido por forças militares, hoje muitas
vezes uma célula de poder independente, e impulsionado por interesses
econômicos, como o fortalecimento das relações comerciais com outros países.
Campo no Chade para refugiados vindos de Darfur.
– O Conflito:
Em 2003, dois grupos armados da região de Darfur rebelaram-se contra o governo central sudanês, pro-árabe. O Movimento de
Justiça e Igualdade e o Exército de Libertação Sudanesa (SLA, na sigla em inglês) acusaram o governo
de oprimir os não-árabes em favor dos árabes do país e de negligenciar a região
de Darfur.
Em reação, o governo
lançou uma campanha de bombardeios aéreos contra localidades darfurianas em
apoio a ataques por terra efetuados por uma milícia árabe, os janjawid.
Estes últimos são acusados de cometer grandes violações dos direitos humanos, como assassinatos
em massa, saques, destruição de povoados e o estupro sistemático da população
não-árabe de Darfur. Os janjawid também praticam o incêndio de vilarejos
inteiros, forçando os sobreviventes a fugir para campos de refugiados
localizados a Oeste de Darfur e no Chade; muitos dos campos darfurianos encontram-se cercados por
forças janjawid. Até meados de 2006, entre 150 000 e 200 000 pessoas haviam sido mortas e
pelo menos dois milhões haviam fugido, provocando uma grave crise humanitária
na região.
Em setembro de 2004, o Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou a Resolução
no. 1564, que estabeleceu uma comissão de inquérito em Darfur para avaliar o
conflito. Em janeiro de 2005, a ONU divulgou um relatório
afirmando que embora tenha havido assassinatos em massa e estupros, aquela organização
internacional não estava em
condições de classificá-los como genocídio, devido a "uma
aparente falta de intenção genocida" (tradução livre do inglês) e um forte
lobby do governo chinês.
Em maio de 2006, o
Exército de Libertação Sudanesa, principal grupo rebelde, concordou com uma
proposta de acordo de paz com o governo. O acordo, preparado em Abuja, Nigéria, foi assinado com a
facção do Movimento liderada por Minni Minnawi. No entanto, o acordo foi
rechaçado tanto pelo Movimento Justiça e Igualdade como por uma facção rival do
próprio Exército de Liberação Sudanesa, dirigida por Abdul Wahid Mohamed el
Nur.
Os principais pontos
do acordo eram o desarmamento das milícias janjawid e a incorporação dos
efetivos dos grupos rebeldes ao exército sudanês. Apesar do acordo, os combates
continuaram.
Muitos dos grupos
militares atuando no Sudão passaram a exercer um poder autônomo, sem responder
necessariamente aos grupos dos quais se originaram, o que gera uma falácia de
poder e milícias que combatem para defender seus próprios interesses mais
imediatos, e não políticas mais abrangentes, relativas ao território de Darfur
como um todo.
– Sequestros:
Ao longo de 2009,
Darfur foi palco de inúmeros sequestros - a maior parte deles para pedir
resgate. As agências humanitárias enfrentam hostilidade crescente, desde que o Tribunal
Penal Internacional emitiu mandado de
prisão contra o presidente Omar Hassan al-Bashir, por crimes de guerra.
Em outubro dois
trabalhadores da organização humanitária irlandesa Goal foram libertados depois
de passarem mais de 100 dias no cativeiro. Dois soldados da paz da União Africana ainda são mantidos
reféns.
Em 22 de outubro homens armados
sequestraram um funcionário francês do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, Gauthier Lefévre,
que estava em um veículo com clara identificação da Cruz Vermelha, na fronteira com o
Chade.
Lefèvre passou 147 dias em cativeiro, sendo libertado em 18 de março de 2010
Fonte:
Mundo Educação | pt.wikipédia.opg
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